A Tarde dos Generais
Luís Ataíde
Banazol
Capa: Dorindo
de Carvalho
Prelo
Editora, Lisboa, Março de 1975
É com tais ideias que o autor destas
linhas se debate, na reunião de Óbidos, em princípios de Dezembro de tenta e
três.
Só isto: ao generais não servem para a
Revolução que se pretende.
Mas é-lhe impossível convencer disto os
capitães. Isto é: a sua maioria.
A tese defendida era mais ou menos esta:
a Revolução tem de ter um carácter popular. Com as altas patentes metidas nela
corre-se o risco de se cair numa ditadura militar. É impossível imaginar-se um
chefe popular de entre os actuais generais. Um general que se identifique com
as massas populares e com as tropas.
Não obstante estes argumentos, eis que
um dos capitães se levanta, em tom enfático: «Precisamos de um general!»
E a maior parte deles, em sinal de
assentimento: «Pois calaro que precisamos de um general».
«Os generais são vocês! É preciso que o
Povo vejas as vossas caras jovens e lavadas, e não qualquer indivíduo já
encarquilhado por anos e anos de compromisso com a ditadura.
Levanta-se um outro, com velada intenção de censura: «O meu tenente- coronel falou aí que devemos abrir os braços a todos os camaradas. Ora os nosso generais também são nossos camaradas».
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