terça-feira, 16 de abril de 2024

OLHAR AS CAPAS


A Tarde dos Generais

Luís Ataíde Banazol

Capa: Dorindo de Carvalho

Prelo Editora, Lisboa, Março de 1975

É com tais ideias que o autor destas linhas se debate, na reunião de Óbidos, em princípios de Dezembro de tenta e três.

Só isto: ao generais não servem para a Revolução que se pretende.

Mas é-lhe impossível convencer disto os capitães. Isto é: a sua maioria.

A tese defendida era mais ou menos  esta: a Revolução tem de ter um carácter popular. Com as altas patentes metidas nela corre-se o risco de se cair numa ditadura militar. É impossível imaginar-se um chefe popular de entre os actuais generais. Um general que se identifique com as massas populares e com as tropas.

Não obstante estes argumentos, eis que um dos capitães se levanta, em tom enfático: «Precisamos de um general!»

E a maior parte deles, em sinal de assentimento: «Pois calaro que precisamos de um general».

«Os generais são vocês! É preciso que o Povo vejas as vossas caras jovens e lavadas, e não qualquer indivíduo já encarquilhado por anos e anos de compromisso com a ditadura.

Levanta-se um outro, com velada intenção de censura: «O meu tenente- coronel falou aí que devemos abrir os braços a todos os camaradas. Ora os nosso generais também são nossos camaradas».

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