28 de Abril de 1974
Os
portugueses viviam o seu primeiro domingo em Liberdade.
«Esta é a reprodução de um “poster” que apresentamos nas páginas centrais da nossa edição de hoje. O “poster” alusivo ao actual momento político português, é da autoria de João Abel Manta, artista que, por motivos demais conhecidos, há tempo não publicava qualquer trabalho no nosso jornal.»
Na redacção do Diário de
Notícias, as janelas ainda não tinham sido escancaradas. Na 1ª página
podia ler-se:
Na pág. 14 era publicada esta fotografia.
A legenda dizia que “um elemento anónimo do 1º Comité de Acção Popular, baptiza a ponte sobre o Tejo.”
O corpo da notícia esclarecia que o “Comité de Acção Popular” nascera espontaneamente, e propunha-se realizar uma série de acções com vista à eliminação de símbolos do regime derrubado a 25 de Abril.
A alteração do nome de Ponte
Salazar para Ponte 25 de Abril era o primeiro desses actos.
A propósito deste acontecimento,
um oficial, não identificado, da Junta de Salvação Nacional, declarou:
“estamos aqui, não para desrespeitar os mortos mas pare defender os vivos.”
Na Junta de Salvação Nacional, também as janelas estavam por escancarar!
Esta é a capa do nº1 do ano I de A Época.
Barradas de Oliveira é demitido
de director do jornal Época, que ontem não saiu para as bancas.
Depois de populares terem, anteontem, tentado destruir as instalações do jornal, que era um sustentáculo da ditadura, o Conselho de Redacção nomeou José Manuel Pintasilgo, chefe de redacção de ex-Época, como director do jornal, que passa, a partir de hoje, a publicar-se com o nome de A Época.
Começam a esboçar-se os primeiros sinais de camaleonismo.
Atente-se no final da sua
declaração de princípios:
Uma notícia quase perdida no
volume noticioso dos dias:
«Os desertores do Exército
apelam para uma amnistia que lhes permita regressar a Portugal.»
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