domingo, 28 de abril de 2024

OS DIAS SEGUINTES A ABRIL 25


 

 28 de Abril de 1974

 Os portugueses viviam o seu primeiro domingo em Liberdade.

 Na 1ª página do “Diário de Lisboa” reproduzia-se um “poster” de João Abel Manta.

«Esta é a reprodução de um “poster” que apresentamos nas páginas centrais da nossa edição de hoje. O “poster” alusivo ao actual momento político português, é da autoria de João Abel Manta, artista que, por motivos demais conhecidos, há tempo não publicava qualquer trabalho no nosso jornal.»

Na redacção do Diário de Notícias, as janelas ainda não tinham sido escancaradas. Na 1ª página podia ler-se:

 “Serenidade e expectativa nos territórios do Ultramar”

 Na 7ª página um telegrama da “France Press”, proveniente de Montreal, revelava que Agostinho Neto, em nome do MPLA, não aceitava a proposta do General Spínola com vista à formação de uma Federação. O MPLA classificava a proposta como fascista, nazi e salazarista e reafirmava que a luta sempre foi por uma libertação completa e, apenas, neste princípio se dispunha a encetar negociações com Portugal.

 Na página 3, “A Capital” avançava que tudo levava a crer que o 1º de Maio iria ser decretado, pelas Forças Armadas, Feriado Nacional. O pedido fora formulado por Francisco Pereira de Moura, na reunião que, na véspera, a CDE mantivera com o General Spínola.

Na pág. 14 era publicada esta fotografia.

 A legenda dizia que “um elemento anónimo do 1º Comité de Acção Popular, baptiza a ponte sobre o Tejo.”

 O corpo da notícia esclarecia que o “Comité de Acção Popular” nascera espontaneamente, e propunha-se realizar uma série de acções com vista à eliminação de símbolos do regime derrubado a 25 de Abril.

A alteração do nome de Ponte Salazar para Ponte 25 de Abril era o primeiro desses actos.

A propósito deste acontecimento, um oficial, não identificado, da Junta de Salvação Nacional, declarou: “estamos aqui, não para desrespeitar os mortos mas pare defender os vivos.”

 Na Junta de Salvação Nacional, também as janelas estavam por escancarar!


Esta é a capa do nº1 do ano I de A Época.

Barradas de Oliveira é demitido de director do jornal Época, que ontem não saiu para as bancas. 

Depois de populares terem, anteontem, tentado destruir as instalações do jornal, que era um sustentáculo da ditadura, o Conselho de Redacção nomeou José Manuel Pintasilgo, chefe de redacção de ex-Época, como director do jornal, que passa, a partir de hoje, a publicar-se com o nome de A Época.

Começam a esboçar-se os primeiros sinais de camaleonismo.

Atente-se no final da sua declaração de princípios:


Uma notícia quase perdida no volume noticioso dos dias:

«Os desertores do Exército apelam para uma amnistia que lhes permita regressar a Portugal.»

Destaque na 1ª página de O Século para a prisão de Silva Pais, o tenebrosos ex-director da PIDE-DGS.

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