Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
4 de Abril de 1974
Em Oeiras, no quartel-General do Comiberlant, com as bandeiras dos quinze
países membros da O. T. A. N., em sinal de luto pela morte do presidente
Pompidou, foi comemorado o 25 aniversário do tratado assinado em Washington, no
dia 4 de Abril de 1949.
O ministro da Defesa, Dr. Silva Cunha, disse:
«O meu país não entrou na aliança à procura de vantagens, nem dela tem procurado ou obtido apoios especiais e todos sabem como é mentirosa a campanha caluniosa que o inimigo faz em contrário.»
O comandante da Área Ibero-Atlantica, o norte-americano Ribert Erly, destacou a
importância geoestratégica de Portugal na defesa da Europa contra a ameaça
soviética.
Foi prestado um minuto de silêncio como homenagem póstuma ao Presidente Georges
Pompidou.
Registe-se que em Dezembro de 2012 o Comando de Forças Conjunto da NATO, sediado em Oeiras, foi desactivado quarenta anos após a entrada em funcionamento.
Cerca das 20 horas, a polícia fecha as portas do Sindicato dos Bancários, em Lisboa, impedindo a anunciada realização de um colóquio Sobre Teatro.
Segundo os jornais, as cartas e telefonemas vão conhecer aumentos da ordem dos
50%. Os selos passarão de um escudo para um escudo e cinquenta, as chamadas
locais de cinco tostões para um escudo.
Estes preços não eram alterados desde 1948.
Continuam as paralisações de protesto e greves em unidades dos principais
centros operários. Os trabalhadores da Motra e da Siemens iniciam um período de
quatro dias de greve pelo cumprimento do Contrato Colectivo de Trabalho.
Algures por estes dias, talvez 4, talvez 5 de Abril
de 1974, Ana Paula foi escolhida, pela Mocidade Portuguesa feminina, como
«Rapariga Ideal». O mais que conseguimos arranjar foi este recorte do Notícias
de Portugal de 13 de Abril de 1974.
Não se sabe como aquilo era organizado. Se o concurso era livre ou privado. Se metia cunhas e padrinhos, Opus Dei ou Movimento Nacional Feminino.
De uma coisa há certeza: Ana Paula terá sido a
última «Rapariga Ideal» da ditadura.
Que será feito da moça?
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