Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
3 de Abril de 1974
A
sala do Politeama, foi pequena para conter a multidão que quis
assistir à estreia de Eusébio, a Pantera Negra, filme de Juan de Orduña,
que, vítima de um acidente de viação, nos primeiros dias de Fevereiro, não
concluiu o filme.
Diz quem viu,
que o filme é um perfeito desastre, um nítido oportunismo à volta da grandeza,
da popularidade de Eusébio da Silva Ferreira.
Houve quem
poupasse horas de vida em não ir ver o filme mas outros, grande parte, têm
esgotado as sessões e gritam, aplaudem, assobiam como tudo estivesse a
acontecer no estádio.
A agenda
do Cinéfilo, coloca-o no espaço de DIA NÃO e explica a escolha
desta maneira:
«Eusébio já viu e não gostou. Para nós tem o maior
crédito a opinião de profissional tão competente e só lamentamos que o seu nome
possa servir para avalizar negociatas deste jaez, que apelam, única e
exclusivamente, para a exploração mais rasteira de um fenómeno, que interessa
muita gente neste País – o desporto e os seus praticantes.
Num terreno tão propício (oh, se era!) a uma análise das implicações sociais e
humanas do desporto profissional na vida de certas sociedades e com uma figura,
como a de Eusébio, tão significativa da apropriação de um atleta para fins que
já ao desporto não dizem respeito, que polémico filme se poderia ter feito, se
os interesses em jogo não fossem movidos pela mera sede de lucro fácil. Mas, no
fundo, não será isto, em grande parte, a desgraça permanente de um homem como
Eusébio?»
Registam-se greves em grandes empresas como a UCAL, a Siemens, a Motra, a UTIC, a Philips.
O Sindicato
Nacional dos Empregados Bancários do Distrito de Lisboa protesta contra a
proibição governamental de uma assembleia geral para discussão da revisão
salarial.
Há escassez de bacalhau, queixam-se os armadores. As capturas diminuem desde 1969 e a frota portuguesa já só atinge 47% das necessidade de consumo. O almirante Henrique Tenreiro, presidente da Junta Central das Casas de Pescadores e delegado do governo junto do organismo das pescas, mantém o habitual silêncio.
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