sábado, 31 de julho de 2010
O NARRADOR COMO PERSONAGEM
Exemplar do nº 38, da revista “Ler”, referente à Primavera/Verão de 1997, e editada pelo “Círculo de Leitores”.
Contém um ensaio de José Saramago: “O autor como narrador”:
“Abandonando qualquer precaução retórica, o que aqui estou assumindo, afinal, são as minhas próprias dúvidas e perplexidades sobre a identidade real da voz narradora que veicula, nos livros que tenho escrito e em todos quantos li até agora, aquilo que derradeiramente creio ser o pensamento do autor. E também me pergunto se a resignação ou indiferença com que os autores de hoje parecem aceitar a “usurpação”, pelo narrador, da matéria, da circunstância e do espaço narrativos que antes lhe eram pessoal e inapelavelmente imputados, não será, no fim de contas, a expressão mais ou menos consciente de um certo grau de abdicação, e não apenas literária, das suas responsabilidades próprias”
Também neste número, José Augusto Mourão”, num texto intitulado “A Litote do Insuportável”, regressa ao “Ensaio Sobre a Cegueira”:
“Saramago, como a sentinela bíblica, anuncia a noite que cai: tudo vai mal. Viagem ao mundo concentracionário do escritor com passagem pelo tema das alegorias por uma discussão acerca dos géneros literários e paragem algures pelo lugar-comum do “mal sentido” e pelo desejo utópico de felicidade, tudo com um guia que cruza textos para procurar o sentido. Pedagógico, “porque é quando o mundo se faz imagem – o saber publicitado, o sagrado dos congressos e do desporto, as artes plásticas – que a cegueira cobre o mundo do seu véu de cinismo e de desaparição. O triunfo do audiovisual é afinal o triunfo do simulacro.”
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