Amanhã começa Agosto, o mês idiota, o mês cruel.
O Verão não vai durar muito, o primeiro de Agosto, como dizem os velhos olhando o horizonte, é mesmo primeiro dia de Inverno.
Agosto de quem faz filhos e os faz por gosto.
Água de Agosto, açafrão, mel e mosto.
Em Agosto dá o sol pelo rosto.
O 8º mês do ano. Tem 31 dias
.
No dia 1 o Sol nasce às 05h 38 m e o Ocaso verifica-se às 19h 46m.
No dia 31 o Sol nasce às 06h 05m e o Ocaso verifica-se às 19h 09m.
Durante o mês de Agosto o dia diminui 1h 06m.
As mulheres nascidas em Agosto são tímidas, modestas e carinhosas. Amam a calma e a tranquilidade, mas não têm sempre a felicidade que merecem.
Os homens, habitualmente alegres, são joviais, espirituosos, trocistas. Ainda que discretos, são trabalhadores, pacientes e obstinados, duma iniciativa suficiente para vencer na vida.
Incensos: Sândalo e Almiscar
Pedra: Âmbar
Metal: ouro
Cor: Dourada.
Na horta semeiam-se rabanetes, alfaces, chicórias. No fim do mês começa a sementeira de cebola, espinafres, couve-flor, bróculos, repolhos, nabos, rábanos.
No jardim regar as plantas com bastante frequência. Mudar as cinerárias e amores-perfeitos; colheita matinal de rosas e flores.
Em Agosto, num dia 8 de 1978, morreu Ruy Belo, para quem o Verão era a melhor estação, ele que tanto amava os meses de Agosto: “Espero pelo Verão como por outra vida”.Também por um Agosto cinquenta e dois antes de Ruy Belo, num dia 5, morria Marilyn Monroe, em circunstâncias, até hoje, não completamente esclarecidas, mas que não são difíceis de adivinhar.
Sobre a morte de Marilyn Monroe, Ruy Belo escreveu um lindíssimo poema:
Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e ao abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher
O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor
um rosto sem regresso mais que rosto mar
e toda a confusão e convulsão que nele possa caber
e toda a violência e voz que num restrito rosto
possa o máximo mar intensamente condensar
Tomou todos os tubos que tinha e não tinha
e disse à governanta não me acorde amanhã
estou cansada e necessito de dormir
estou cansada e é preciso eu descansar
Nunca ninguém foi tão amado como ela
nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão
Era mulher era a mulher mais bela
mas não há coisa alguma que fazer se certo dia
a mão da solidão é pedra em nosso peito
Perto de marilyn havia aqueles comprimidos
seriam solução sentiu na mão a mãe
estava tão sozinha que pensou que a não amavam
que todos afinal a utilizavam
que viam por trás dela a mais comum imagem dela
a cara o corpo de mulher que urge adjectivar
mesmo que seja bela o adjectivo a empregar
que em vez de ver um todo se decida dissecar
analisar partir multiplicar em partes
Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha
julgou que a não amavam todo o tempo como que parou
quis ser atá ao fim coisa que mexe coisa viva
um segundo bastou foi só estender a mão
e então o tempo sim foi coisa que passou.
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