sexta-feira, 2 de julho de 2010

BOLAS PRÓ PINHAL!


Desculpem voltar à prosa acutilante e bem-humorada de Manuel António Pina. Um pontapé, forte e colocado que manda a bola pró pinhal.

No “Jornal de Notícias” de hoje:

Esperar-se-ia que, depois de meses de bazófia e de Hino Nacional em vuvuzelas, o regresso da nação valente e imortal de futebol a casa só com uma vitória em quatro jogos pudesse ser um momento, se não de modéstia, ao menos de lucidez. Não foi.
Para Carlos Queiroz, de quem "El Mundo", depois do Espanha-Portugal, disse ter "mais medo que vergonha", tudo correu virtualmente sobre rodas e, apesar das queixas e acusações de jogadores, "a equipa está unida" e "dignificou e prestigiou" (podia ter só "dignificado", mas também "prestigiou") o futebol português.
Acerca das alegadas lesões de Nani e Deco e do facto de o substituído Hugo Almeida desmentir que se sentisse cansado, foi igualmente claro: "Quando um seleccionador diz que um jogador está lesionado, está lesionado!" e: "Quando eu digo que um jogador está cansado, está cansado!".
Quanto ao resto, a culpa foi da crise, isto é, da arbitragem e, contrariamente ao que dizem os bota-abaixistas do costume, "temos um futuro à nossa frente". Só lhe faltou, face à incompreensão de que é vítima, suspirar: "Muitas vezes sinto-me sozinho a puxar pelo país".

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