segunda-feira, 19 de julho de 2010
OS CLÁSSICOS DO MEU PAI
Na Lisboa do principio dos anos 60, a oferta de Música Clássica deixava muito a desejar e, naturalmente, a “Amazon” era algo que ainda não tinha nascidona cabeça de um qualquer galáctico.
O meu pai tinha um gosto muito grande pelas “Danças Guerreiras do Principe Igor”.
As Danças Polovetsianas, fazem parte da ópera “Principe Igor”, abertura e quatro actos, de Borodin, que a não chegou a completar, tendo sido Rimsky-Korsakov que se dedicou a esse trabalho.
O interesse do meu pai não residia na ópera em si, o que, realmente o empolgava eram as Danças Guerreiras.
A única versão que, então, conseguiu encontrar foi da "Deutsche Grammophon", a Orquestra Filarmónica de Berlim dirigida por Ferenc Fricsay. Mas tinha um óbice: era apenas tocada.
E durante mais uns anos o meu pai prosseguiu a procura das danças com coros.
Num cair de tarde de Outono, lembro-me como se fosse hoje, entrou triunfante pela casa dentro: “já cá cantam”!
E num ápice, eu e o meu avô, estávamos a ouvir as Danças Guerreiras, com coros. Simplesmente empolgante!
Com este disco passa-se um outra história deliciosa: no lado B está “El Amor Brujo” de Manuel deFalla.
Uma noite, no cabaret “Olimpia”, ao lado do cinema com o mesmo nome, viu uma streapper espanhola dançar a “Dança Ritual do Fogo” e ficou encantado.
Pela música e pela bailarina.
A música adquiriu-a, a bailarina foi à vida dela.
O chamado 2 em 1: Borodin e Falla.
.O disco tem a lindíssima capa que podem ver. no topo.
Trata-se de uma gravação da "Decca," a Orquestra Filarmónica de Londres, dirigida por Anthony Collins e os coros dirigidos por Frederic Jackson.
Este disco marca, também ,a primeira peça de Música Clássica que entrou lá em casa sem ser da “Deutsche Gramophon”.
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