sexta-feira, 24 de maio de 2013

GEORGES MOUSTAKI (1934-2013)


Ontem, com 79 anos, Georges Moustaki deixou-mos.

Há muito debilitado, regressou, estrangeiro como sempre, às suas ilhas gregas
.
Fumei muito. Fiz tudo para que não progredisse, mas é uma doença perniciosa. É um matador silencioso que não faz barulho. Só nos apercebemos dos seus efeitos. Já não fumo há vinte anos. Não há justiça.

Quando em 1952, Georges Brassens lhe deu a mão, poderia ter-se tornado cantor de intervenção, mas a sua sensibilidade levou-o a aproximar-se dos desprotegidos mas não das ideologias. Ficou-se pela utopia, pelo romantismo, ficou como quis e o mundo o passou a conhecer.

Uma vida apaixonante, como sempre desejou até ao dia em que o último acto chegasse.

As mulheres puseram-no a olhar para o longe, sem destino, fizeram-no sonhar. Não viveu com todas as mulheres com que se cruzou, mas andou lá bem perto.

Viveu com Edith Piaf e compôs para o pardalito, MIlord, um dos seus muitos grandes êxitos: sou apenas uma rapariguinha do cais, uma mera sombra da rua, sente-se à minha mesa, lá fora está frio.

Perdeu-se de amores por Brigitte Bardot mas a actriz, porque Deus criou a mulher, preferiu Vadim, olhou Carla Bruni que lhe disse que passava as noites com ele, mas apenas porque passava as suas canções num programa de rádio que produzia.

A todas as mulheres que lhe preencheram e embelezaram a vida, o velho sedutor deixou Chnason pour elle: ela não faz amor, ela ama, ela não anda, dança, ela não fala, canta, ela não se dá, oferece-se.

Ah! e pelo nosso Abril, à boleia de Chico Buarque, deixou um aceno de esperança  para os que não acreditando que os seus ideias possam  não ser cumpridos: existe um cravo vermelho em Portugal.

Na hora da sua morte, os que receberam, com alegria, o abraço metequiano, sabem que não é suficiente florirem cravos vermelhos.

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