O pai a citar repetidamente as aventuras e desventuras daquela rapariga que perde a voz, o Raf Vallone a olhar para ela quando ela cantava «en Madrid las violeteras».
Até
que um dia vi La Violetera e, meus caros amigos, que belíssimo filme, que
belíssima interpretação, que actriz, que personalidade. E dei razão ao meu pai:
Sara é inigualável, um milagre de indolência, trabalho, intensidade.
Já
teria uma certa idade (60…), mas os dez centímetros de maquilhagem que cobriam
a sua pele, as pestanas postiças, o cabelo penteado, se eram deprimentes para
quem a via ao pé, eram (e ela sabia-o) perfeitos para as câmaras de televisão
que não paravam de a filmar e de dar dela a imagem que ela queria, espanhola,
malandra, linda, linda. Foi nessa sessão que, com raríssima inteligência que a
todos nos deixou gelados, ela disse:
«Os
meus filmes não serão bons, nunca me preocupei com eles serem ou não uma obra
de arte. A obra de arte que eu quis fazer sou eu, Sara Montiel!»
Jorge
Silva Melo num depoimento ao Público de 9 de Abril.
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