domingo, 1 de outubro de 2017

OLHAR AS CAPAS


O Falcão de Malta

Dashiell Hammett
Tradução: Baptista de Carvalho
Capa: Cândido Costa Pinto
Colecção Vampiro nº 34
Livros do Brasil, Lisboa s/d

- Ah, Sr. Spade – disse ele com entusiasmo, estendendo ao «detective» uma mão que se assemelhava a uma gorda estrela vermelha.
Spade apertou-lhe a mão, sorriu e disse:
- Como passou Sr. Gutman?
Sem largar a mão de Spade, o homem postou-se a seu lado e, apoiando a mão esquerda no cotovelo do «detective», conduziu-o a uma cadeira estofada de verde, colocada ao lado de uma mesa sobre a qual se via um sifão, alguns copos, uma garrafa de «whiskey» sobre um tabuleiro, uma caixa de charutos «Coronas del Ritz», dois jornais e uma pequena caixa amarela. Spade sentou-se na cadeira. O seu anfitrião começou a encher dois copos de «whiskey» e soda. O rapaz desaparecera. As três portas do aposento estavam fechadas. Por detrás do Spade abriam-se duas janelas sobre Geary Street.
- Comecemos bem, senhor – disse o homem, estendendo um copo a Spade. – Não gosto das pessoas que receiam beber muito, porque quando o fazem não merecem confiança.
Spade pegou no copo e esboçou uma vénia, sorrindo. O outro ergueu o copo, observou o líquido à luz e fez um gesto de satisfação ao ver desfazerem-se as bolinhas da bebida.
- Pelo bom êxito da nossa entrevista – brindou o gorducho.
Beberam e repuseram os copos sobre a mesa.
- Gosta de conversar? – perguntou Gutman, olhando atentamente para Spade.
- Sim, quando o assunto me interessa – replicou o «detective».
- Óptimo – exclamou o homem – Detesto pessoas que falam pouco. Em regra só falam quando não é preciso e para dizer coisas desnecessárias. Para falar acertadamente, é preciso praticar.
Gutman estendeu a Spade a caixa de «Coronas del Ritz».

- Quer servir-se de um charuto, senhor?

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