Grande frequentador de cafés (quando os havia, e neles muito escrevi,
há épocas, gostos, preferências que mudam), nunca frequentei, contudo, os
centros oficiosos de convívio de artistas e escritores, incluindo jornalistas.
Como a célebre «Brasileira» do Chiado, paraíso de muitos, onde também os pides
iam tomar a sua bica nos intervalos dos interrogatórios ali mesmo a dois
passos, na António Maria Cardoso. Chegava a haver, parece, quem entrasse,
risonho e distraído, estendesse a mão pelas mesas à volta, «boa tarde!, boa
tarde!» e nem via que era o Seixas. Muito menos frequentei, já homem feito,
meios de boémia artística ou faz de conta que sim. E mau. Isto cria uma espécie
de cortina de gelo à nossa volta, um quase mas quem é este?, de onde vem?, com
resultados pouco desejáveis nas notícias, nos artigos, cá estamos nós, nas
vendas.
Mário Dionísio em Autobiografia
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