A Casa Sem Chaves
Earl Derr
Biggers
Tradução Anita
Martins de Souza
Capa: Cândido
Costa Pinto
Colecção Vampiro
nº 58
Livros do Brsail,
Lisboa s/d
Minerva Winterslip era natural de Boston, gozava de
óptima posição social e havia muito que ultrapassara a idade romântica.
Entretanto, a beleza ainda a fazia vibrar – mesmo a beleza semi-bárbara de uma
ilha do Pacífico. Enquanto passeava pela praia lentamente, sentia na garganta
um nó de emoção, tal como no «Symphony Hall», em Boston, quando a sua orquestra
favorita executava uma peça nova e emocionante.
Aquela era a sua hora predilecta em Waikiki – a hora
que precedia o jantar e a rápida descida
da escuridão tropical. As sombras, que baixavam sobre os coqueiros altos,
tornavam-se cada vez mais densas. A luz do sol, no crepúsculo, tingia de
vermelho o Diamond Hed e salpicava de ouro a espuma das ondas, que se quebravam
nos recifes de coral. Alguns nadadores, relutantes, banhavam-se ainda naquelas
águas cuja carícia era comparada à de um amante. No trampolim do flutuador mais
próximo, exibia-se uma jovem esbelta, de linhas impecáveis. Que silhueta!
Minerva, já a roçar pelos cinquenta, sentiu uma ferroada de inveja – mocidade,
mocidade semelhante a um dardo que se arremessasse em vertical. Como um dardo,
a figura esguia pulou e caiu, num mergulho perfeito.
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