Uma mesa de café. Em volta, cabeças em surdina. A
conspiração dos políticos, sempre às mesmas horas. Os bolsos cheios de
naftalina. O Dr. Carlos, com uma dessas caras que servem de apresentação a um ideal
político, entrava no café com ar de segredo já sabido por todos, e soprava a
novidade suficientemente alto para ficar gravada no ouvido mais distante da
sala. No final das reuniões concluíam todos cheios de sossego, que, felizmente,
a revolução não era para já. O Dr. Carlos precisava de apodrecer na sua quinta
dos arredores. Todos eles precisavam de apodrecer nos arredores ou ali, mas o
que todos levavam era muito tempo…
Eduardo Valente
da Fonseca em Os Criptogâmicos
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