quinta-feira, 16 de agosto de 2018

À CONVERSA


Perguntaram-lhe:

Quer dar um exemplo que o tenha surpreendido?

Respondeu:

Nos meus 18 anos, eu tinha aquela perceção de que os guerrilheiros que estavam a fazer a luta de libertação eram deuses, infalíveis – depois descobriu-se que não era tanto assim. Uma vez, um desses deuses sentou-se ao meu lado, tirou um bloco do bolso e começou a tirar notas. Eu pensei que ele estava escrevendo aí coisas fundamentais. Quando espreitei, dizia assim: «Comprar pasta de dentes.»

Mia Couto entrevistado por Filipa Melo, revista Ler, Primavera 2018

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