Há um certo longo tempo, Mário de Carvalho deu uma
entrevista ao Mil Folhas, velho e bom
suplemento literário do Público, em
que se lamentava que há coisas no país, de que tanto gosta, que o indignam
profundamente, um povo com uma enorme falta de cultura, com uma enorme
tendência para aceitar tudo o que há de mais reles, de mais mesquinho e
rasteiro, concluindo que somos um povo de javardos.
É isso!
Pode doer muito, mas é a pura verdade.
Vivemos momentos trágicos e espera-se, ansiosamente, que
as vacinas que começaram a ser administradas amenizem, pouco que seja, o nosso
(sobre)viver.
Mas os tempos que deviam ser de responsabilidade, de
solidariedade, de respeito, não foram travão à ancestral javardice.
Assim, um presidente de câmara fez-se vacinar, uma
directora da segurança social de Setúbal, fez-se vacinar mais os funcionários
do centro, um director do INEM do Porto mandou vacinar os trabalhadores de uma
pastelaria e de um restaurante ao lado da delegação, um administrador do
Hospital de Riba de Ave fez-se vacinar a si, à mulher, à filha e uma
recepcionista do hospital.
Nenhuma desta gente pertence a qualquer grupo de risco.
Estes são apenas os casos que vieram nos jornais e deram
reportagens nas televisões.
Quantos mais nas sombras das sombras do país javardo?
2 comentários:
E esses javardos não serão julgados criminalmente, porquê?
Convém esperarmos sentados, caro Seve, tão pouco sei o que pode acontecer. Alguém saberá?
Temos uma classe política perigosamente medíocre, grande parte envolvida em teias de corrupção, temos uma justiça que roça o total descrédito, o desvario e a maior parte, para além das sebentas, nunca leram a porra de um livro!...
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