domingo, 1 de maio de 2011

O MEU 1º DE MAIO


“Sozinho, sempre sozinho,
mesmo quando vou a teu lado.

De ti que constróis os rumores das cidades
e no campo, semeias, lavras,
e pisas
o sabor do vinho

Sozinho, sempre sozinho,
aqui vou a teu lado
eu, o poeta, operário de palavras
- as palavras “sonho”, “bandeira”, “esperança”, “liberdade” –
instrumentos de pureza irreal
que tornam a Realidade
ainda mais real
e transformam os bairros de lata
E
em futuras cidades de cristal
num planeta de paisagens de prata
onde as bocas das flores, das manhãs, dos vulcões,
da brancura do linho
e das foices de gume doirado
cantarão um dia connosco a Internacional
- que eu continuarei a cantar sozinho,
sempre sozinho,
a teu lado.

José Gomes Ferreira

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