Chega-se a esta minha idade e existem
na biblioteca livros comprados e ainda não lidos.
E há sempre o suave ímpeto de comprar mais
livros.
A Feira do Livro é, acima de tudo, a
lembrança daquela noite, em redor das taças de água do Rossio, em que o meu avô
me comprar o primeiro livro de Emílio salgari. Curiosamente não me inclinei
para qualquer Sandokan, ou o Pirata Vermelho, antes Os
Pescadores de Pérolas, sei lá bem porquê.
Depois, a pouco e pouco é que vieram os restantes
salgaris que, continuo a considerar, na devida idade, um dos melhores estímulos
para hábitos de leitura.
Penso que já disse, mas um dia emprestei a
um primo meu – santa ingenuidade!... - - toda a minha Colecção Salgari.
Passados uns tempos, quando os quis de
volta, fiquei a saber que tinham sido vendidos para angariar tostões para
rebuçados da bola e idas às matinés do Cine-Oriente.
Tenho por aí dois ou três exemplares adquiridos
em alfarrabistas a preço baixo.
Um dia, num daqueles alfarrabistas que
estacionam, nas tardes de sábado, na Rua Anchieta, ao Chiado, pediram-me uma
exorbitância por Os Pescadores de Pérolas.
Fiquei a olhar assim um tanto para o
surpreendido, mas o livreiro logo atalhou: «É pegar ou largar!».
Não gostei do preço e da fanfarronice e…
«larguei.»
A Feira é um gosto muito meu.
Os jacarandás, o Tejo muito lá ao fundo.
Este ano, nos dezoito dias de Feira,
venderam-se 400 mil livros e concluíram que quatro em cada cinco visitantes
compraram um.
Olhei o que quis olhar, mas o que me ocupa
mais tempo são os stands da Relógio d’Água com os seus caixotes com livros dos
fundos do catálogo, a bom preço.
Depois o tirar a fotografia ao stand da
& etc. onde sei que nunca mais encontrarei o Vitor Silva Tavares.
E as saudades que me saltam aos molhos
enquanto caminho para casa.
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