quarta-feira, 7 de junho de 2017

OLHAR AS CAPAS


Um Drama no Atlântico

Mignon G. Eberhart
Tradução: Baptista de Carvalho
Capa: Cândido Costa Pinto
Colecção Vampiro nº 36
Livros do brasil, Lisboa s/d

Três mulheres, profundamente deprimidas, estavam sentadas no exíguo camarote, esperando a ordem de abandonar o navio. O camarote rangia, todo o navio rangia e se desconjuntava, subindo e descendo a cada nova vaga, com prolongados estremecimentos, tão fortes que Marcia sustinha a respiração e, de ouvido à escuta, pensava: «é agora… é agora que o navio se despedaça; desta vez não resistirá. A madeira apodrecida não poderá resistir; a ferragem gasta e enferrujada quebrar-se-á».
Era quase um milagre que tal não sucedesse; pelo menos assim o consideravam as três mulheres, Marcia sabia as outras compartilhavam da sua ansiedade. O rosto super-civilizado, fino e bem desenhado d, de Daisy Belle, apresentava igualmente um olhar de concentrada atenção; e os grandes olhos verdes de Gili relanceavam furtivamente para um lado e outro lado, como os de um gato assustado que sente aproximar-se o perigo.

Havia três dias e duas noites que tinham deixado Lisboa. Já ficavam para trás os Açores, com os seus moinhos de vento gemendo tristemente. Estavam ao largo do escuro Atlântico, longe de qualquer auxílio.

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