No dia da morte de Armando Silva Carvalho,
deixei o registo de que O Livro do Meio, romance epistolar escrito por
Armando Silva Carvalho e Maria Velho da Costa, é um livro fascinante que –
tenho essa ideia… - passou um tanto ao lado de críticos – ainda há crítica
literária?!... – e leitores.
Aguardava vez para entrar em «Olhar as
Capas» e fiz agora a publicação, com o lamento que só agora aconteça porque o Armando
nos deixou.
Obviamente, a capa leva textos de cada um
dos autores.
O livro junta memórias de infância, de
outros tempos, uma cumplicidade de anos e anos de vivências e que, dado o
calibre dos autores, nunca poderia sair fruta bichada.
Pelas 412 páginas do livro, passeia uma
série de gente, alguns vivos, outros já mortos, ódios, amores, quotidianos,
tristezas, alegrias, leituras e notícias do quotidiano, histórias de escárnio e
maldizer, amigos e inimigos, perdas e danos, um humor mordaz, venenoso q.b, mas
inteligente.
Claro que o livro retém episódios e gentes
que escapam ao leitor comum, que são vivências próprias dos autores, «afectos
flutuantes», como algures deixa cair Maria Velho da Costa, a mesma Maria que
deixa assinalada uma frase de Agustina Bessa Luís: «a amizade é confortável
como uma almofada de penas», ou Armando Silva Carvalho que a páginas 322
cita um verso de Jorge de Sena: «sempre me soube a destino a minha vida».
Repito: um livro imperdivel, editado pela Caminho
no tempo em que ainda não tinha sido devorada pela Leya.
Pode ser que ainda o encontrem na Feira do
Livro, que fecha portas no domingo.
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