quinta-feira, 15 de junho de 2017

RECADOS


No dia da morte de Armando Silva Carvalho, deixei o registo de que O Livro do Meio, romance epistolar escrito por Armando Silva Carvalho e Maria Velho da Costa, é um livro fascinante que – tenho essa ideia… - passou um tanto ao lado de críticos – ainda há crítica literária?!... – e leitores.

Aguardava vez para entrar em «Olhar as Capas» e fiz agora a publicação, com o lamento que só agora aconteça porque o Armando nos deixou.

Obviamente, a capa leva textos de cada um dos autores.


O livro junta memórias de infância, de outros tempos, uma cumplicidade de anos e anos de vivências e que, dado o calibre dos autores, nunca poderia sair fruta bichada.

Pelas 412 páginas do livro, passeia uma série de gente, alguns vivos, outros já mortos, ódios, amores, quotidianos, tristezas, alegrias, leituras e notícias do quotidiano, histórias de escárnio e maldizer, amigos e inimigos, perdas e danos, um humor mordaz, venenoso q.b, mas inteligente.

Claro que o livro retém episódios e gentes que escapam ao leitor comum, que são vivências próprias dos autores, «afectos flutuantes», como algures deixa cair Maria Velho da Costa, a mesma Maria que deixa assinalada uma frase de Agustina Bessa Luís: «a amizade é confortável como uma almofada de penas», ou Armando Silva Carvalho que a páginas 322 cita um verso de Jorge de Sena: «sempre me soube a destino a minha vida».

Repito: um livro imperdivel, editado pela Caminho no tempo em que ainda não tinha sido devorada pela Leya.

Pode ser que ainda o encontrem na Feira do Livro, que fecha portas no domingo.

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