Sempre que possa,
lerei trechos dos rapazes. Eles pedem, gostam de ouvir o que os companheiros
escreveram e é mais estimulante isto do que a competição, a luta pelo primeiro
lugar. Em vez da concorrência, haverá a admiração, o entusiasmo, o amor pelo
que fazem os que vivem e trabalham connosco. Este é o quadro de honra que eu
aprovo; o outro é uma espécie de plataforma de eléctrico já cheia: os lugares
serão disputados a murro e a empurrão. E os que ficam em terra olham com
azedume os que vão no carro, o que é contra a lei, tão esquecida e tão bela do
Amor, da contínua dádiva.
Calculem que
estive, neste dia, todo o dia feliz, só porque um pobre homem fora gentil
comigo e num quartel um soldadito, em vez de repreender-me por eu ter passado
num sítio proibido, sorrindo-se apontava, num gesto cheio de caridade, o
caminho lícito. Tão pouco e tão simples, e a gente recusa-se a fazê-lo para ser
feliz.
«Felicidade! Afinal
fôssemos nós
naturais
e limpos de todo o
mal,
não
era preciso mais»
- diz o António de
Sousa
E isto, e não que
os adjectivos concordam em género e número com os substantivos, é que é preciso
ensinar. Ensinar e ser. Antes de tudo, ser. A vida do professor deve ser (tanto
quanto possível, pobres de nós!) luminosa e branca. Mais que não ser ignorante,
importa não ser mau, nem desonesto, nem impuro… tanto quanto possível, pobres
de nós.
Sebastião da Gama em Diário
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