Não que as aulas
sejam; - apesar da confiança em mim, e até do arzinho de vaidade que às vezes
pareço ter e não sei reprimir, sinto que me faltam muitas qualidades; sabe-me a
pouco, cá dentro, tudo quanto faço, e bem vistas as coisas não tenho vaidade
nenhuma. Tenho para mim que o vaidoso só o é verdadeiramente se está convencido
de que é um ás naquilo de que é vaidoso; ora eu não estou convencido; aparento
por vezes que o estou, levado por um demónio que não sou capaz de afogar. Eisó
estou convencido de que tenho em mim algumas qualidades, graças às quais não é
desonestamente que sou professor; e estou convencido também de que há mil
outros que não têm estas qualidades, ao mesmo tempo que há outros ainda que
têm, além das minhas, aquelas que me fazem falta. O que me absolve é que tenho
o bom propósito de ir melhorando e de chegar um dia (se o espírito não se
acovardar com o tempo…) em que serei
quase um bom professor; é justamente nesse dia que eu morrerei: quando for
quase um bom professor.
Sebastião da Gama em Diário
Sem comentários:
Enviar um comentário