George Steiner disse recentemente que
vivemos demasiado.
Numa velha entrevista ao Expresso, Maria João Seixas, quando viveu em África, referiu que o animal que mais a impressionou foi o elefante. Pela sua maneira de viver em grupo, de se sociabilizar…
«Também porque nos dá uma grande lição de morte. A dignidade da morte é uma coisa que nos escapa. Os elefantes quando sentem que vão morrer escolhem um parceiro e afastam-se do grupo com ele. Podem andar os dois vários quilómetros em silêncio. A um dado momento o elefante que sabe que vai morrer encontra o seu cemitério, um círculo imaginário na terra queimada na savana, e estaca no perímetro. Trombeteia para o outro que lhe responde e vai-se embora. O elefante doente senta-se espera a morte. Sozinho».
Elio Vittorini publicou, em 1947, Consideram-se Mortos e Morrem.
Da nota final que Vittorini escreveu:
«Discurso sobre a
morte, poderia eu ter chamado ao livrinho. Ou pelo contrário: Da importância de viver. Porque não?
Eu não pensava, ao
escrever, terminar onde terminei. Tinha na ideia uma segunda parte em que
procuraríamos, pelos bosques em torno da cidade, o velho que se foi. Mas não
digo que não retome em mãos a coisa, dentro de algum tempo. É um motivo que me
é muito caro. Portanto, pode acontecer que nos voltemos a ver por aí, com o
«meu avô», pouco importa se não for propriamente no livro imediatamente a
seguir a este».
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