Decidi que os
primórdios do meu objetivo, da minha razão de ser, da minha paixão, estavam nas
ruas da minha terra natal. A par com o catolicismo, descobri a outra peça do
«génesis» da minha experiência familiar daquele tempo, que se tornou o início
da minha canção: casa, raízes, consanguinidade, comunidade, responsabilidade,
manter a dureza, manter a fúria de viver, mantermo-nos vivos. Estas são as coisas
que, com a dição açucarada dos carros, miúdas e fortuna, orientaram a minha
odisseia musical. Eu até podia viajar para muito longe, afastar-me anos-luz e
gostar muito disso, mas acabava por nunca deixar verdadeiramente a minha casa.
A minha música começou a ter mais implicações políticas; tentei encontrar uma
forma de colocar o meu trabalho ao serviço de causas. Li e estudei para me
tornar num escritor melhor e mais eficaz., Eu abrigava dentro de mim uma crença
e ambição extravagantes acerca do efeito provocado pelas canções pop. Queria que a minha música se
sustentasse na minha vida, na vida da minha família e no sangue, suor e
lágrimas das vidas das pessoas que eu tinha conhecido.
Em termos
emocionais, a maior parte das minhas letras são autobiográficas. Aprendi que
temos de puxar para cima as coisas que nos dizem qualquer coisa de maneira a
que elas signifiquem alguma coisa para o público. É aí que reside a prova. É
assim que as pessoas ficam a saber que não estamos no gozo. Com a frase final do disco, Tonight I’ll be on that hill… (Esta noite vou estar
naquela colina), os meus personagens mantém-se inseguros quanto ao seu destino,
mas estão empenhados e entrincheirados. No final de Darkness, eu encontrara a minha voz adulta.
Bruce Springsteen em
Born To Run
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