Existem palavras por nós ignoradas
vivem ao lado das que mais usamos
e nunca sabemos quando
uma delas em fuga
com a calibração precisa
surgirá para transtornar a neutralidade
a língua arrasta a noite ancestral
um vento de neve
cheio de folhas mortas
a idade que possuímos em segredo
sem que nenhuma documentação civil
a detecte
as línguas são portas
que se abrem rangendo
para coisas que não existem
José Tolentino
Mendonça, poema colocado por Nicolau Santos na página de Economia do
Expresso, 17 de Junho de 2017
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