Relâmpago
Nº 11
Número dedicado a Carlos de Oliveira
Colaborações:
José Ricardo Nunes, Manuel Gusmão, Pedro Eiras, Rosa
Maria Martelo, Armando Silva carvalho, Augusto Abelaira, Eduarda Dionísio,
Eduardo Prado Coelho, Fernando Lopes, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz, José
Manuel Mendes, Margarida Gil, Nuno Júdice, Urbano Tavares Rodrigues
Capa: Nuno Marques Mendes
Assírio Alvim, Lisboa, Outubro de 2002
De súbito, o Carlos
de Oliveira pediu-me:
- Você por acaso
tem aí um lápis?
Aquele “por acaso”
impressionou-me, era indicativo de que, para ele, só por acidente um escritor
usaria lápis (então eu ainda não publicara nenhum livro). E fui perguntando:
- Você esqueceu-se?
Para meu espanto,
revelou-me que nunca, por nunca ser, trazia um lápis (ou caneta) na algibeira.
O seu lápis era a memória, construía as poesias “na cabeça”. Alinhava e
desalinhava as palavras na memória durante o dia, durante as horas do dia, e
quando chegava a casa, era somente escrevê-las. Somente? Escrevê-las,
reescrevê-las, quem conhece o Carlos sabe como é.
Então, com o lápis,
para depois a Ângela as passar à máquina. Quantas vezes?
(Do texto de Augusto Abelaira)
Sem comentários:
Enviar um comentário