terça-feira, 25 de julho de 2017

NEM SEI COMO APRENDI A GOSTAR DE LER


Parece-me que já apareceram «Texas-Jacks» (na segunda-feira vou inspecionar e ver o que não está bem…). Ora a lei condena o «Texas-Jack», talvez com razão. Mas eu não tenho coragem e só se o nosso metodólogo de todo em todo o desaconselhar, é que darei ao «Texas-Jack» ordem de despejo. É que o «Texas Jack» é dos melhores amigos da minha infância. Aprendi a ler no «Texas-Jack»; comecei a formar uma biblioteca no «Texas Jack»; não comecei a fumar por causa do «Texas-Jack»
(…)
Quando vejo pendurados à porta de certas papelarias, os «Texas-Jacks» da minha infância, sinto uma ternura imensa. Uma ternura que é por eles e por mim. Uma ternura que eu ofenderia se dissesse na aula: «Proibido o Texas-Jack». E que a lei me perdoe…
Olho para o passado e vejo a Gramática. A Gramática. A Gramática.
Eu nem sei como aprendi a gostar de ler.

Sebastião da Gama em Diário

Legenda:  capa de um fascículo do «Texas Jack» encontrado em «Custo Justo».

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