Na base de toda
esta organização está o dinheiro. O homem e a mulher têm que comer, têm que se
vestir, pagar os combustíveis, a água, a luz, o telefone, a renda da casa,
etc., o que obriga, ou obrigava, a que a questão do casamento só se pusesse
quando o homem tivesse emprego e nele ganhasse o suficiente. Digo o homem e não
a mulher porque naquele tempo as mulheres, em regra geral não eram empregadas.
(Quando passaram a estar empregadas, o que, em grande escala, se processou
durante a minha vigência neste mundo, o casamento entrou imediatamente em
crise. A mulher passou a poder sair de casa e a bater com a porta sempre que as
relações com o homem se turvavam, porque alcançara a independência económica, o
que permite afirmar que, em grande parte, o casamento é um problema económico.
Aliás num passado mais distante, a consumação do casamento dependia
declaradamente, sem pejo nem rodeios, dos interesses económicos das famílias
dos cônjuges.)
Rómulo de Carvalho em Memórias
Legenda: imagem Shorpy
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