Autoridade é do que é autor.
Só a autoridade confere autoridade.
A autoridade não é uma quantidade.
Todo o homem é teatro de uma inexpugnável
autoridade.
Aquele que jula ser possível autorizar ou
desautorizar
a autoridade de outrem não sabe no que se mete
*
Liberdade.
A liberdade conhece-se pelo seu fulgor.
Quatro homens livres não são mais liberdade do
que
um só. Mas são mais revérbero no mesmo fulgor.
Trocar a liberdade em liberdades é a moeda
corrente
do libertino.
Pode prender-se um homem e pô-lo a pão e água. Pode
tirar-se-lhe o pão e não se lhe dar água. Pode-se pô-lo a morrer, pendurado, no
ar, ou à dentada com cães. Mas é impossível tirar-lhe seja que parte for da
liberdade que ele é.
Ser-se livre é possuir-se a capacidade de lutar contra
o que nos oprime. Quanto mais perseguido, mais perigosos. Quanto mais livre
mais capaz.
Do cadáver dum homem que morre livre pode sair
acentuado mau cheiro – nunca sairá um escravo.
AUTORIDADE E LIBERDADE
SÃO UMA E A MESMA
COISA
Lisboa, Maio-58
Mário Cesariny de Vasconcelos
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