No Cinema Império, de
15 a 30 de Julho de 1974, aconteceu o Ciclo «O Cinema Proibido», organizado
pela Casa da Imprensa, com sessões diárias às 15,15 e 21,30 horas.
Aos sábados e
domingos houve também sessões às 18,30.
O ciclo tinha um
cartaz e programa. Andei à procura mas não encontrei. Apenas um papelinho que é
uma lista dos filmes, não lembro se todos ou se aqueles que queria ir ver.
Dr. Strangelove, 1964 – Stanley Kubrik
Inquérito a um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, 1970 – Elio
Petri
Estado de Sitio, 1972 - Costa-Gravas
Disparem Sobre o Pianista – François Truffaut
O Dia da Violência, 1970 – Roger Corman
O Desprezo, 1963 – Jean-Luc Godard
A Hora do Lobo, 1967 - Ingmar Bergman
Z, 1969 – Costa Gravas
Sofia e a Educação Sexual, 1973 de Eduardo Geada
Tenho a ideia de que
está por fazer o papel que a Casa da Imprensa desempenhou no tempo da ditadura
com as suas diversas organizações culturais.
Os Ciclos de Cinema a
Noite do Fado, um enorme êxito de popularidade e sem esquecer o I Encontro da Canção
Portuguesa, no Coliseu dos Recreios, na noite de 29 de Março, quando um coro de
cinco mil vozes entoou Grândola, Vila Morena, sem saber o que estava para
acontecer mas a acreditar que num qualquer dia das surpresas.
Os serviços de
censura exigiram que todas as letras de canções que fossem cantadas tivessem
exame prévio. Não permitiram que José Afonso cantasse A Morte Saiu à Rua, Venham
mais Cinco, Menina dos Olhos Tristes e apenas autorizaram Milho Verde e a
Grândola.
Foi também nessa
noite memorável que quando José Carlos Ary dos Santos, subiu ao palco, por
causa das suas participações nos Festivais da Canção da RTP, foi vaiado e, com
a frontalidade habitual, disse: «Eu venho para dizer poesia. Se não gostam,
manifestem-se no fim». Depois de declamar SARL abandonou o palco debaixo,
apenas, de aplausos.
Voltando aos filmes.
Ao tempo, não tinha
visto nenhum dos filmes programados e acabei por não assistir a qualquer
sessão.
Nas ruas, nas
fábricas, nos sindicatos, nas escolas, eram outros os filmes e nós os
protagonistas donde pode ressaltar a ideia de que podemos ser qualquer coisa
como uma espécie de cinema ambulante.
Legenda: Peter Sellers em Dr. Strangelove e o final do filme, com Vera Lynn a cantar We'll Meet Again
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