Vinte e Cinco Poemas à Hora Do Almoço
Frank O’Hara
Selecção tradução,
prefácio: José Alberto de Oliveira
Colecçaõ Documenta
Poética nº 27
Assírio &Alvim,
Lisboa, Março de 1995
Por que eu não sou pintor
Eu não sou pintor, sou poeta.
Porquê? Penso que preferia ser
um pintor, mas não sou. Bom,
Porquê? Penso que preferia ser
um pintor, mas não sou. Bom,
Mike Goldberg, por exemplo
está a iniciar um quadro. Eu apareço.
«Senta-te e toma uma bebida» diz
ele. Eu bebo; nós bebemos. Reparo
Tu tens SARDINHAS aí.»
«Sim, eu precisava de qualquer coisa ali.»
«Oh». Eu saio e os dias passam
e eu apareço de novo. O quadro
avança, e eu saio, e os dias
passam. Eu apareço. O quadro
está terminado. «Onde estão as SARDINHAS?”
O que resta são apenas
letras. «Era demasiado», diz Mike.
está a iniciar um quadro. Eu apareço.
«Senta-te e toma uma bebida» diz
ele. Eu bebo; nós bebemos. Reparo
Tu tens SARDINHAS aí.»
«Sim, eu precisava de qualquer coisa ali.»
«Oh». Eu saio e os dias passam
e eu apareço de novo. O quadro
avança, e eu saio, e os dias
passam. Eu apareço. O quadro
está terminado. «Onde estão as SARDINHAS?”
O que resta são apenas
letras. «Era demasiado», diz Mike.
E eu? Um dia estou a pensar numa
cor: laranja. Escrevo uma linha
acerca de laranja. Em breve é uma
página que está cheia, não de linhas, de palavras.
acerca de laranja. Em breve é uma
página que está cheia, não de linhas, de palavras.
Depois outra página. Deveria haver
muitíssimo mais, não laranja,
muitíssimo mais, não laranja,
Palavras, como é terrível o laranja
E a vida. Os dias passam. Acontece ser
Em prosa, sou um verdadeiro poeta. O meu poema
Está terminado e ainda nem sequer mencionei
O laranja. São doze poemas, chamo-lhes
LARANJAS. E um dia numa galeria
Vejo o quadro de Mike, chamado SARDINHAS.
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