O Prazer de Matar
Fredic Brown
Tradução: Mascarenhas
Barreto
Capa: Lima de Freitas
Colecção Vampiro nº
137
Livros do Brasil,
Lisboa s/d
A Redacção do Herald estava suficientemente quente para cozer um bolo,
embora o relógio eléctrico, pendurado na parede, indicasse serem apenas dez
horas e meia. Dez e meia de uma manhã de sábado, em Julho, véspera de uma
semana de3 férias que me propunha gozar.
Em qualquer ponto do quarto, próximo do tecto, um moscardo andava numa
excitação demoníaca. O seu zumbido parecia-me mais alto do que o martelar
esporádico das máquinas de escrever. Ergui o olhar e localizei-o; era enorme e
voava de um lado para o outro, descrevendo círculos rápidos.
Ao olhar para cima, senti o colarinho apertado e, portanto, alarguei-o.
Diabo do moscardo, disse para comigo, não sabes que num escritório não há gado?
Surpreendi-me a pensar se um moscardo morreria de fome, no caso de não
encontrar gado, tal como no livro Através do Espelho o «Pão com manteiga»
morreria de sede se não conseguisse encontrar chá fraco com leite.
Alguém, de pé, junto à minha secretária, proferiu:
- Que diabo estás a fazer?
Era Harry Rowland. Sorri-lhe e respondi:
- Estava a conversar intimamente com um moscardo. Há qualquer objecção
contrária a isso?
- Não! Graças a Deus! – respondeu. – Julguei que estivesses a rezar. O
Ed quer falar-te, Sam. Imediatamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário