Os Náufragos do Autocarro
John Steinbeck
Tradução: L. de
Almeida Campos
Colecção Excelsior
Empresa nacional de
Publicidade, Lisboa, 1962
Havia um pequeno restaurante situado atrás das bombas de gasolina, um
restaurante com um largo balcão junto do qual se alinhavam altos bancos
redondos, fixos, e com três mesas para as pessoas que desejavam comer com um
certo requinte. Estas não eram usadas muitas vezes pois costumava-se gratificar
a Srª Chicoy quando ela servia à mesa, o que não acontecia se o serviço se
fazia ao balcão. Na primeira prateleira por detrás do balcão havia pãezinhos
doces, bolos de massa tenra, tortas de noz; na segunda, sopas enlatadas,
laranjas e bananas; na terceira, caixas com rações individuais de flocos de
aveia, milho, arroz e outros cereais. Num dos extremos do lado de trás do
balcão havia uma grelha, um lava-louças, reservatórios de cereveja e soda, uma
caixa para gelados e, sobre o balcão, entre suportes com guardanapos de papel,
moedas para fazer funcionar o juke-box,
sal, pimenta e molho de tomate, estavam expostos bolos sob grandes coberturas
de plástico. As paredes, onde havia espaço para isso, estavam profusamente
decoradas com calendários e cartazes exibindo raparigas esplendorosas, de
existência improvável, com os seios erguidos num ângulo impossível e sem ancas –
loiras, morenas e ruivas, mas todas com o mesmo desenvolvimento do busto, de
forma tal que um visitante de outros mundos poderia julgar, pela concepção do
artista que o lugar da procriação residia nas glândulas mamárias.
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