Estava a reler O Prazer de Matar de Fredric Brwon para
colocar um pedaço de prosa com que habitualmente fazemos em Olhar as Capas.
É uma manhã quente de
sábado e Sam Evans, repórter do Herald,
está, na redacção do jornal, às voltas com um moscardo que lhe está a estragar
a paz serena do não fazer nada, porque
nada havia para fazer.
Lembrei-me de
imediato de Harry James, num 78 rotações por minuto que o meu pai amiúde punha
a rodar, com o Voo do Moscardo, um interlúdio para orquestra composto por Rimsky-Korsakov.
O trompetista Harry James era um
dos clássicos do meu pai, que gostava de big bands e, essencialmente, de
trompetistas.
Mais abaixo ouvirão o
Harry James e eu acrescento mais um pouco da prosa de Fredric Brown, no exacto
momento em que Sam é chamado ao gabinete de Ed, o editor do Herald. Porque o
que se segue me fez lembrar o jornalismo de sarjeta que é o Correio da Manhã, o português e todos os
que se encontram espalhados pelo mundo:
«Sentei-me na cadeira em frente da secretária, e aguardei que
levantasse a vista, esperando intimamente que o não fizesse. Mas fez. Disse:
- Um rapaz sofreu um acidente mortal na «montanha-russa», em Whitewater
Beach. Quero uma história com interesse humano que o retrate como um estupendo
moço, que diga como os pais estão inconsoláveis, et etecetera e tal… enfim esse
género de coisas. Puxa ao choradinho de que o público gosta. Bem sabes o que
quero dizer.
Eu sabia o que ele queria dizer.
- Já estou a chorar – respondi-lhe.»
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