Tal como refere a
programação, será hoje que começarão a ser publicados os escritos de João
Bénard da Costa para a Cinemateca:
29/09/2018, 21H30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO
ESCRITOS SOBRE CINEMA DE JOÃO BÉNARD DA COSTA
U SAMOGO SINEVO MORIA
“À BEIRA DO MAR
AZUL”
de Boris Barnet
com Elena
Kuzmina, Lev Sverdlin, Nicolai Kriuchkov
URSS, 1933 - 71 min
legendado em
português | M/12
Este filme é, como a
generalidade da obra de Boris Barnet, um melodrama aparentemente
"leve", de um lirismo magistral: dois jovens pescadores de um
kholkoze apaixonam-se pela mesma rapariga, tornando-se rivais até um
desconcertante final. Uma sequência imortal: a "ressurreição" da
protagonista. Um autor a descobrir e a festejar. “Lembras-te quando ela,
espantadíssima, pergunta ‘quem morreu?’ e a resposta é a mais bela dança que vi
em cinema, incluindo a do SINGIN’ IN THE RAIN? Nunca, talvez, o
cinema tenha estado tão perto de nos fazer tocar na alegria como ‘dom de Deus
(…) que traz em si um caráter eterno que passa através do sofrimento’ (Sophia
de Mello Breyner). E nunca, a não ser em ORDET de Dreyer, o triunfo
de um corpo ‘ressuscitado’ foi tão físico e tão anímico, tão carne e tão
espírito (João Bénard da Costa). A anteceder o filme, é mostrada a sua
apresentação por João Bénard da Costa para o programa da RTP “No Meu Cinema”.»
E assim acontecem as
Folhas da Cinemateca:
«Eis, finalmente, o princípio do fim da aventura da edição dos textos
escritos por João Bénard da Costa para a Cinemateca, que inclui todas as folhas
de sala e todos os textos publicados em catálogos, e que, por opção e
coerência, inclui também as “folhas” redigidas no âmbito do seu trabalho na
Fundação Calouste Gulbenkian (as quais, na sua grande maioria, foram aqui depois
retomadas, com ou sem adaptações). Em companhia de Boris Barnet assinalamos o
lançamento do primeiro de um conjunto de volumes, que, de acordo com outros
critérios editoriais há muito assumidos, têm estrutura dicionarística e
“raisonée” (com inclusão de todas as variantes dos textos agora reunidos, notas
de editor e índices onomásticos e didascálicos). Foi um longo percurso e um
considerável esforço, levado a cabo (mais uma vez, por opção e coerência, mas
sobretudo, também, neste caso, por mero sentido de dever) pela própria equipa
da Cinemateca, com intervenção direta de colaboradores de todos os setores da
casa. Em ano de aniversário, é um dos momentos altos de comemoração, também
assumido como referência à dívida imensa que temos perante o autor destes
textos. Mas a data escolhida tem sentido especial, marcando um aniversário
dentro de outro: neste dia perfazem-se seis décadas sobre o dia 29 de setembro
de 1958, no qual a Cinemateca inaugurou, no Palácio Foz, a história das suas
projeções públicas. Não por acaso, de todas as datas históricas da Cinemateca,
esta foi a que João Bénard da Costa mais lembrou e acima de todas comemorou.
Voltando a homenageá-lo a ele, evocamos assim a própria ideia a que todos estes
textos estão tão essencialmente ligados, segundo a qual o momento em que cada
filme preservado renasce no ecrã é aquele que dá o sentido último a tudo o que
fazemos. É o princípio do fim e é obviamente o começo de uma outra história:
com esta edição, começa a nova vida destes escritos, desligados, agora, do
contexto que os viu nascer, mas portadores de uma força contagiante que, além
de tudo o mais, advém da forma única como o autor viveu e marcou esse contexto.»
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