29 de Agosto de 1969
Vivemos em plena
imitação grotesca das sociedades de consumo. Mas só lhes podemos copiar as
cerimónias decorativas e pedantes.
Por exemplo, os
editores tentam agora impelir (ou impelem mesmo) os escritores para os cocktails literários de apresentação de
livros, para os colóquios, sessões de autógrafos, etc., etc. – mas o consumo
que justifique esses ritos neocapitalistas permanece o mesmo, insignificante ou
mesmo nulo.
Eu, por mim,
recuso colaborar nessas comédias de promoção
na Rádio, na Televisão, etc.
Aliás a minha verdadeira
promoção comercial não consiste em aparecer a comer salgadinhos ou a responder
a perguntas estúpidas na televisão, mas pelo contrário em recusar!
Que diriam os meus filhos se eu me sujeitasse a essas palhaçadas tontas, para alimentar a vaidade do dia-a-dia?
Que diriam os meus filhos se eu me sujeitasse a essas palhaçadas tontas, para alimentar a vaidade do dia-a-dia?
José Gomes
Ferreira em Livro das
Insónias Sem Mestre VIII volume dos Dias Comuns.
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