Carta de António José
saraiva, datada de 4 de Outubro de 1964, para Óscar Lopes:
Façamos contas. A organização das massas em Portugal não pode ir muito
mais longe do que já foi. O PC tem limites que em situações normais não pode
transpor. Cada vez que vai além de certo limite, encontra-se com uma
contra-ofensiva policial que o obriga a recuar. Por isso não acredito que um
movimento de massas por si só derrube o regime. A situação económica não é
brilhante, mas também não é extremamente grave, e nenhum governo em guerra
deixou de a fazer por falta de meios financeiros. O golpe de generais também
não é solução, porque manteria o fascismo, mesmo que mudasse a fórmula (v.
Grécia9.
Só resta uma solução: é criar um poder com meios físicos para fazer
face ao poder governamental e dar ao povo o sentimento de uma força mesmo
física. Esse poder só pode ser armado. Por outras palavras: é preciso alterar a
situação de facto, saindo fora do jogo do fascismo. O problema não é só um
problema de consciência ou de ideologia, o problema é de facto, de existência
material. (não sei se me faço perceber).
Fora disto o satatus quo
manter-se-á por tempo indefinido. Vamos a caminho dos 40 anos de regime!
Quarenta anos de «vitórias» nossas, segundo pretende a imprensa clandestina da
oposição!
Sem comentários:
Enviar um comentário