Quando nos mágicos carrocéis
Cavalgava à compita c’os meninos –
A baloiçar-me em trapézios e cordéis
Pra claro e belo céu feliz como os meninos –
Parava muita gente à minha volta a rir
E diziam todos como minha mãe:
Ele é outra pessoa, é outra pessoa,
É outra pessoa de todo diferente de nós.
Quando estou sentado ao pé de gente fina
E me ponho a contar o que inda ninguém sabe,
Fico todo a suar ao ver a gente fina
- Que não está a suar – a rir como ela sabe.
Todos sentados à roda de mim e a rir
E todos a dizer como minha mãe:
Ele é outra pessoa, é outra pessoa,
É outra pessoa de todo diferente de nós.
E quando um dia for para ao Céu
- porque vou para lá, parem aí c’o riso! –
Dizem os santos todos da Corte do Céu:
Só este nos faltava pra o perfeito Paraíso!
Põem-se a olhar pra mim e desatam a rir
E todos a dizer como minha mãe:
Ele é outra pessoa, é outra pessoa,
É outra pessoa de todo diferente de nós.
Bertolt Brecht em Poemas e Canções
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