sexta-feira, 4 de maio de 2018

ELES NÃO SABEM QUE O SONHO É UMA CONSTANTE DA VIDA


Eu tenho comigo trinta discos onde foram gravadas canções, feitas por diversos cantores de maior ou menor fama. Sobre poemas meus. Desses trinta discos dois deles foram-me oferecidos pelos seus criadores. Os restantes vinte e oito (e não estou em erro) foram comprados por mim quando, por acaso, os fui encontrando nas montras das casas de discos por onde passava.
O que mais se notabilizou nestas andanças foi o Manuel freire, um rapaz com voz agradável e talento musical. Quando depois o conheci, e conversei com ele, disse-me que ficara muito impressionado quando leu os meus poemas publicados, pelo seu sentido musical. Particularmente leu a “Pedra Filosofal” e, espantosamente, impelido pelo ritmo do texto, começara a lê-la e a trauteá-la. Daí lhe nasceu, de imediato a música que tão popular se tornou. Houve quem dissesse no jornal que a Pedra Filosofal marcara toda uma geração.
Em Setembro de 1969 Manuel freire cantou, pela primeira vez, na televisão, aquele meu poema num programa intitulado Zip-Zip. Comprei-o alguns dias depois após a sua saída, e treze dias depois de o ter comprado procurou-me, no liceu em que então eu trabalhava, o Liceu pedro Nunes, um locutor da televisão que me foi oferecer um exemplar. Disse-me então que tinha estado em paris, tendo levado o disco á Feira Internacional que aí decorria, onde um canadiano aí lhe disse que pretendia editá-lo, em língua francesa, no Canadá. Não sei qual foi o futuro desse desejo.
(…)
O disco de Manuel freire foi famoso. Em meados de 1971 já se tinham vendido mais de 10.000 exemplares. Em toda a parte foi cantado. Calculem, meus queridos tetranetos, que em 19 de Fevereiro de 1978, o padre da Igreja de S. Domingos disse, não cantou, durante a missa, o poema da Pedra Filosofal. Era domingo, e a missa foi televisionada.
(…)
Tenho comigo cinco discos do Manuel freire onde ele canta, com música sua, não só a “Pedra Filosofal” como também o “Poema da malta das naus”. Devo-lhe muito. Suponho que foi pela sua actuação que a minha poesia conseguiu tão grande êxito generalizado.

Sem comentários: