Em 2018, passam 20 anos
sobre a atribuição a José Saramago do Prémio Nobel da Literatura.
Maria do Rosário
Pedreira lembra no seu blogue Horas
Extraordinárias:
«Há uns anos, pediam aos membros do P.E.N. uma sugestão de um autor
português que devesse ser candidato ao Prémio Nobel, e o nome do escritor que
colhesse mais «votos» era depois encaminhado para o P.E.N. Internacional que,
suponho, teria voto na matéria e poderia propor nomeações. Eu puxei sempre a
brasa à minha sardinha (de poeta) e indiquei, enquanto foi viva, Sophia de
Mello Breyner e, depois, embora soubesse que provavelmente o recusaria,
Herberto.»
Miguel Torga será o
escritor português que mais vezes foi, pelos seus pares, indicado para o Prémio
Nobel da Literatura.
Passou
despercebida a notícia de que a Academia Sueca pediu formalmente à Academia das
Ciências de Lisboa a indicação de um candidato ao próximo Prémio Nobel da
Literatura:
«Em nome da
Academia Sueca temos a honra de vos convidar a nomear, por escrito, um
candidato (ou candidatos) ao Prémio Nobel da Literatura para o ano de 2018.
Os membros da
Classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa indicaram os nomes de Manuel
Alegre, o mais votado, e Agustina Bessa-Luís.
Provavelmente, António
Lobo Antunes, o eterno candidato português, não terá apreciado o gesto dos
membros da Academia.
Mas tudo foi em
vão.
Soube-se, hoje, que este ano não haverá Nobel da
Literatura.
A Academia Sueca
ficou sem quórum depois da última demissão e, por esse motivo, o prémio não
pode ser atribuído. O impasse resulta do facto de, embora demissionários, os
membros da Academia não poderem ser substituídos enquanto forem vivos.
Tudo começou em
Novembro do ano passado, com o escândalo que envolve o fotógrafo Jean-Claude
Arnault, marido da poeta Katarina Frostenson, um dos membros mais proeminentes
da Academia: Arnault é acusado de assédio sexual por dezoito mulheres, mas,
indiferente à controvérsia, Katarina Frostenson só se demitiu há poucas
semanas.
Trata-se da primeira
vez que, em tempo de paz, o prémio não é atribuído.
O Nobel da Literatura
foi, tal como os das restantes categorias, sete vezes não atribuído durante as
guerras mundiais do século passado mas nunca por outros motivos.
Questionado pelo Diário de Notícias pela não atribuição
do Nobel da Literatura, António Lobo Antunes reagiu assim:
«O assunto Nobel não me interessa.»
A PROCISÃO AINDA NÃO
SAÍU DO ADRO
Depois das
declarações de António Costa, Carlos César, Fernando Medina, António Arnaut e
João Galamba, proferidas nas últimas horas, José Sócrates abandonou o Partido
Socialista.
Em artigo, publicado
no Jornal de Notícias esclarece:
«Durante quatro
anos suportei todos os abusos: a encenação televisiva da detenção
para interrogatório; a prisão para investigar; os prazos de inquérito violados
sucessivamente como se estes não representassem um direito subjetivo que não
está à disposição do Estado; a campanha de difamação urdida pelas próprias
autoridades com sistemáticas violações do segredo de justiça; o juiz expondo na
televisão a sua parcialidade com alusões velhacas; a divulgação na televisão de
interrogatórios judiciais com a cumplicidade dos responsáveis do inquérito.
Na verdade,
durante estes quatro anos não ouvi por parte da Direcção do PS uma palavra de
condenação destes abusos, mas sou agora forçado a ouvir o que não posso deixar
de interpretar como uma espécie de condenação sem julgamento.»
O primeiro-ministro
António Costa mostrou-se surpreendido porque «não há qualquer tipo de mudança da posição da direção do PS sobre
aquilo que escrupulosamente temos dito desde o início: separação entre aquilo
que é da justiça e aquilo que é da política.»
Mas respeita a
decisão de José Sócrates.
A FECHAR
«Ordinariamente, todos os ministros são inteligentes,
escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas
inaugurações, e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises.
Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a
experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em
Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso,
política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso,
governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por
privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua
independência?»
Eça de Queiroz no Distrito
de Évora em 1917
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