segunda-feira, 28 de maio de 2018

A BEBER GIN QUE NEM UM DROMEDÁRIO QUE GOSTE DE GIN


Carta, datada de Carcavelos 11 de Março de 1974, para Isabel:

Tenho andado com um cansaço enorme, a beber gin que nem um dromedário que goste de gin, a ter que ir às compras e outras chatices. Portanto, recuso tudo o mais: o almoço com o pessoal da “República” no sábado, o jantar com o Lopes-Graça no domingo, etc.
Basta de chatices obrigatórias. Aliás, como sabes, cada vez gosto menos de ver pessoas cheia de dentes e a falar às pampas. Basta de pessoas…
O reumatismo também me tem irritado razoavelmente, quase mais que a minha mãe e a minha tia. O costume, sabe-se.
Segue a entrevista da V.M. Tudo uma trapalhada, como verá. Cortes à farta (onde há reticências, foi corte). Nada daquilo foi revisto por mim: está cheio de enganos, gralhas e confusões. Cheguei a ficar envergonhado. Paciência… Não se vai repetir. Aliás, já retirei as poesias que estavam na “Ed Plátano” e os contos de F.C. que estavam na Ed. República”. Basta de escrever e dizer asneiras.
O “Vodka”, que depois de me ter posto um olho negro há uns dias, me pôs a mão em sangue há uns momentos, recomenda-se e dá três pulos dedicados à tua filharada. ´É uma simpatia, não haja dúvidas… raios parta o cão!

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