Carta, datada de Carcavelos 11 de Março de 1974, para Isabel:
Tenho andado com um cansaço enorme, a beber gin que
nem um dromedário que goste de gin, a ter que ir às compras e outras chatices.
Portanto, recuso tudo o mais: o almoço com o pessoal da “República” no sábado,
o jantar com o Lopes-Graça no domingo, etc.
Basta de chatices obrigatórias. Aliás, como sabes,
cada vez gosto menos de ver pessoas cheia de dentes e a falar às pampas. Basta
de pessoas…
O reumatismo também me tem irritado razoavelmente,
quase mais que a minha mãe e a minha tia. O costume, sabe-se.
Segue a entrevista da V.M. Tudo uma trapalhada, como
verá. Cortes à farta (onde há reticências, foi corte). Nada daquilo foi revisto
por mim: está cheio de enganos, gralhas e confusões. Cheguei a ficar
envergonhado. Paciência… Não se vai repetir. Aliás, já retirei as poesias que
estavam na “Ed Plátano” e os contos de F.C. que estavam na Ed. República”.
Basta de escrever e dizer asneiras.
O “Vodka”, que depois de me ter posto um olho negro há
uns dias, me pôs a mão em sangue há uns momentos, recomenda-se e dá três pulos
dedicados à tua filharada. ´É uma simpatia, não haja dúvidas… raios parta o
cão!
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