quinta-feira, 7 de maio de 2020

QUOTIDIANOS


Caminhava pela Avenida de Paris.

À minha frente, uma mulher pergunta a um jovem se lhe sabia dizer onde poderia encontrar uma estação dos Correios.

O jovem sorriu para a mulher, mas mostrou uma cara onde se poderia ler que não sabia do que lhe estavam a falar.

Sim, os telemóveis são uma invenção preciosíssima mas estão a matar, principalmente entre os jovens, um certo mundo que hoje apenas se rodeia de melancolia.

Uma estação de correios.

Lá muito para trás:

 O carteiro da minha rua a desejar-me um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

O jovem não sabia da estação de correios, eu não sei de Whatsapp.

Cada um carregando as suas ignorâncias quotidianas, mundos trocados.

Ou como saber que nunca lemos um livro da mesma maneira: a idade em que foi lido, o desconhecimento de coisas que então tínhamos, as ilusões que se perderam.

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