sábado, 2 de maio de 2020

DIÁRIO DOS DIAS DIFÍCEIS


Muitos não sabem o que custou esta liberdade em que vivemos, quantos – eram tão poucos, mas com uma gana e um querer tão grandes – se empenharam para que um dia soubéssemos a sua cor.

«Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade.», escreveu o Jorge de Sena.

Perante a histeria que aconteceu por a CGTP ter realizado uma reunião na Alameda para comemorar o 1º de Maio, duvido que essa gente saiba dessa saga histórica.

Não sabem nada de nada.

Pior ainda: não querem saber!

Somos o que somos, somos os que ainda sabemos e não vejo que seja necessário ensinar seja o que for a quem não quer saber e não tenha vontade e capacidade para saber.

Nos Primeiros de Maio da ditadura salazarenta, José Gomes Ferreira passeava-se de gravata vermelha pelas ruas de Lisboa.

Permitimos que os que agora gerem os nossos destinos fossem construindo os seus caminhos.

Montaram as televisões que quiseram, não tentaram, ajudar um povo que estava tão longe do que Abrilmente lhes acontecera, as televisões serviram-lhes para tudo, até para vender presidentes, menos para serem didácticos.

Até a Igreja teve uma televisão, e inábil que é em coisas terrenas, não teve unhas para tocar a guitarra que São Cavaco Silva lhe ofereceu.

Encheram o povo de mentiras, de telenovelas, de futebol, um caldo de couves estragadas com tudo a desaguar num salve-se quem puder, a ter que existir um polígrafo que nos diga o que está certo e o que está errado.

 Um cronista saloio, com a mania que tem graça, titulava hoje em crónica pública, que face ao que a CGTP organizou em cidades do país: «Assim se vê a força do PC!»

O sorridente rapaz, nem um ano tinha quando aconteceu o 25 de Abril.

Sabe lá ele o que é o PC e a sua força.

Poderia ao longo dos tempos ter lido uns livrecos, mas quem passa da engenharia química para ciências da comunicação, acaba sempre por tropeçar no que não
deve.

A música para hoje, é uma passagem pelas Danças Guerreiras do Principe Igor de Alexander Borodin.


1.

A Confederação Episcopal aconselha adiar casamentos e procissões para depois de Setembro.

2.

Dizem que em Junho, aqui pelo pedaço, haverá futebol sem espectadores nos estádios.

Eles não gostam de futebol.

Acreditem.

Gostam de dinheiro, vaidades, carros topo de gama, comida servida por «chefs»,ÍCEIS raparigas de alterne.

3.

 Na última semana, pelo menos 3,8 milhões de trabalhadores ficaram sem emprego nos Estados Unidos; em seis semanas, o Departamento do Trabalho norte-americano registou 30 milhões de pessoas sem trabalho.

4.

A EMEL arrisca-se a perder 10 milhões de euros de receitas por causa da Covid-19, que levou à suspensão das pagamentos em parques de estacionamento e nos parquímetros, não havendo data para a cobrança ser retomada.

5.

A propósito não se sabe bem porquê, Donald Trump telefonou a Marcelo Rebelo de Sousa.

Como Trump diz ter visto provas de que o coronavírus teve origem num laboratório de Wuhan e de lá escapou-se para o mundo, terá solicitado a Marcelo apoio político para a diatribe?

Acontece-nos tudo!

6.

Os negros números:

Portugal regista 1.023 óbitos.

Os Estados Unidos, que registaram a sua primeira morte ligada ao coronavírus no início de Fevereiro, são o país mais atingido quer em número de mortos, 65.068, quer infeccionados:  1.104.161.

Itália: 28.710 mortos
Grã-Bretanha: 28.131 mortos
França: 24.563 mortos
Espanha: 24.543 mortos

Em todo o mundo já morreram 242.270 pessoas. 

Sem comentários: