domingo, 21 de junho de 2020

ETECETERA


O primeiro-ministro António Costa, para além de outras afirmações, considerou que a escolha de Lisboa pela UEFA para receber a fase final da Liga dos Campeões é um prémio merecido aos profissionais de saúde, pela forma como provaram que o sistema de saúde português é robusto para responder a qualquer eventualidade.

Acho esta afirmação de uma insuportável indelicadeza, um lamentável disparate, uma autêntica ofensa.

Aliás, tudo o que tem rodeado as notícias sobre esta porcaria da final da Liga dos Campeões, tem sido um fartar vilanagem, qual concurso para ver quem pior põe a pata na poça.

Fazer deste acontecimento algo histórico, que tivesse levado o presidente da república a arranjar uma cegada com a presença do primeiro-ministro, do presidente da Câmara de Lisboa, do presidente da assembleia da república presidente da federação de futebol, nem ao careca lembrava.

Há demasiados imbecis entre os governantes deste país.

Algo está muito podre!...

1.

«Eu gosto muito do meu país, mas não tenho muitas ilusões sobre ele. É um país atrasado, pouco desenvolvido, sem massa crítica, pouco culto, sem grande qualificação da mão-de-obra, muito dependente de vagas de superficialidade, onde a maioria das pessoas trabalha duramente para não receber sequer o mínimo vital, sem vida cívica autónoma do Estado, com uma economia débil, desindustrializado, com uma agricultura desigual, pouco cosmopolita, com muitos aproveitadores e alguns bandidos, mas aí como os outros.

É um país que cada vez menos tem autonomia política, dependente da transferência dos centros de decisão para Bruxelas. Aquilo em que somos melhores não coloca o pão no prato ao fim do dia, como agora se diz. Temos uma língua e uma literatura de valor universal, a melhor obra dos portugueses, mas ninguém come literatura. E temos uma democracia que é um valor que só quem sabe o que é ditadura percebe qual é. É mau? Não é mau, há muito pior, mas é sofrível, e sofrível não permite andar por aí a bater em pandeiretas.»

José Pacheco Pereira no Público

2.

Os tempos estão terríveis.

Mas não para todos, e isso é uma história tão velha como o mundo.

Em Portugal, estão a vender-se casas acima dos 10 milhões de euros.

Quem conta é o suplemento de economia do Expresso.

Chegam em jactos privados e pedem para verem o melhor que houver no mercado e adiantam que o preço não é problema.

São celebridades do futebol, da área da música, magnatas do petróleo, multimilionários de Hong Kong, de Singapura.

3.

O governo desaconselha férias fora da Europa e que as devem privilegiar cá dentro. Assim como a lembrar o velho slogan de que há sempre um Portugal desconhecido que espera por si.

Se assim entenderem há um maravilhoso livro de José Saramago que os pode ajudar imenso: Viagem a Portugal.

4.

Ricardo Salgado, que há muito já devia estar com os costados na prisão, almoçou um destes dias, em Lisboa, com um grupo de economistas e antigos banqueiros.

O restaurante foi o Xico Rolo, em Lisboa, que abriu portas propositadamente para este grupo.

5.

Perto de 100 mil trabalhadores, ao fim de três meses de pandemia, perderam o emprego, mais de 800 mil entraram em lay-off e mais de um milhão viram os rendimentos cortados.

6.

Menor de 14 anos mata outro de 15 em ajuste de contas pela Internet.

Seis crimes em cinco meses.

7.

A Polícia de Segurança Pública foi chamada a interromper uma festa junto à praia em Carcavelos, no concelho de Cascais.

Situações deste género vão-se verificando um pouco pelas cidades do país.

8.

Sem festas e romarias, as autarquias do Alto Minho temem perda de receitas na economia local na ordem dos 30 milhões de euros, de acordo com estimativas avançadas pelos presidentes de câmara dos concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Caminha.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, estima que o cancelamento no formato habitual das Festas d'Agonia representará uma perda direta de receita de 10 milhões de euros, sobretudo nos setores do comércio, restauração e hotelaria.

9.
A Itália é um dos países que mais tem sofrido com a pandemia.

O Nápoles ganhou a final da Taça de Itália na quarta-feira, frente à Juventus o que gerou uma onda de festejos na principal cidade do sul de Itália, com grandes aglomerados de adeptos a desafiar o distanciamento imposto face à pandemia do novo coronavírus que assola Itália e o mundo.

Em motas, com bandeiras ao alto, fogo de artifício, cânticos e buzinadelas, milhares de apoiantes do Nápoles invadiram praças sem respeitar o distanciamento físico e as regras de segurança definidas pelas autoridades de saúde para evitar a propagação do novo coronavírus.

10.

Um arcebispo advertiu, durante uma missa em Valência que o diabo existe no meio de uma pandemia nas pesquisas de vacinas e curas. Há informações extremamente dolorosas de que uma das vacinas é feita a partir de células de fetos abortados. Isso é desumano, cruel. Não podemos elogiá-lo ou abençoá-lo. Muito pelo contrário. Nós somos a favor do homem, não contra o homem. Primeiro matam-no e depois manipulam-no. Temos mais um infortúnio. É um trabalho do diabo.

11.

O receio de uma segunda vaga na China levou as autoridades a avançar com restrições em vários bairros de Pequim, onde os moradores estão também a realizar testes em massa.

A China admitiu a necessidade urgente de melhorar a higiene nos seus mercados abastecedores e na cadeia de fornecimento alimentar, após novo surto de covid-19 em Pequim ir já em 158 casos.

12.

Na quinta-feira passada, aos 103 anos, morreu a cantora Vera Lynn, interprete da música We'll Meet Again, ouvida, durante a segunda guerra mundial, pelos britânicos quando se refugiavam, dos bombardeamentos alemães, nas estações do metropolitano, escrita por Ross Parker e Hughie Charles.


Quando as nuvens escuras descobrirem o sol, voltaremos a encontrar-nos, não sei onde, não sei quando, mas voltaremos a encontrar-nos.


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