Não é música o que
ouvimos.
Não é de água este
brilho de prata.
Eu estou aqui sobre
as pontes do rio.
Outros são os que
espreitam pela bruma das margens.
Talvez me lembre:
tu vinhas devagar
pelo lado das acácias.
Cingias cada árvore
e as colunas, os braços de um
deus cruel, o
saber dos templos.
Não é um salmo o
que ouvimos.
Não é de harpas
este lamento,
não é o ofício de
umas mãos esculpindo um rosto.
não é a palavra de
deus que ecoa nas escarpas.
Algures te ocultas
e não deixas sinais.
Quem és tu
cujo perfil se
desvanece, cuja doçura se perde nos
confins da tarde?
Eu estou aqui onde
se unem as margens, onde escurecem
as sendas e as
sombras,
onde correm as
nuvens, as pedras , as águas.
Outros são os que
te aguardam pelo lado das acácias.
José Agostinho
Baptista
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