Neste nº 9 de Notícias do Bloqueio encontramos poemas
de José Augusto Seabra, Pedro Alvim, Maria Teresa Rita, Gastão Cruz, José
Fernandes Fafe e poemas do poeta búlgaro Nicolau Vaptzarov, traduzidos por Egito
Gonçalves.
O poema de Pedro
Alvim chama-se Lisboa e encerra
quadros poéticos do Cais do So- dré, Praça de Camões, Rossio, e Alcântara.
Alcântara denuncia a
morte do pintor José Dias Coelho, pela Pide, na Rua da Creche, em 19 de
Dezembro de 1961:
Há quem tombe por um rio
Impetuoso e comum:
Alcântara dos tiros cegos
Alcântara sessenta e um.
Na etiqueta José DiasCoelho deste blogue, pode encontrar outras evocações poéticas, e não só, do
assassínio de José Dias Coelho.
Uma delas é o poema A
Morte Saíu à Rua, letra e música de José Afonso, incluído no seu álbum Eu Vou
Ser Como a Toupeira, editado no Natal de 1972
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pr'a qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
Naquele lugar sem nome pr'a qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o rei morreu!
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação.
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