sexta-feira, 5 de junho de 2020

OLHAR AS CAPAS


As Escadas Não têm Degraus

5º Volume
 Direcção: António M. Feijó, João Miguel Fernandes Jorge, Joaquim Manuel Magalhães

Teresa Veiga, Mário de Carvalho, Rui Nunes, Luísa Costa Gomes, Nuno Júdice, Agustina Bessa-Luís, Armando Silva Carvalho, João Miguel Fernandes Jorge, Mari de Fátima Borges, Helena Vasconcellos, Sophia de Mello Breyner Andresen, Maria Judite de Carvalho, Miguel Esteves Cardoso, Alberto Pimenta, José Dinis Fidalgo, Pedro Paixão.
Capa: João Botelho
Livros Cotovia, Lisboa, Novembro de 1991

Há uma palmeira no largo da estação, o que justifica que se lhe chame o Largo da Palmeira, e apanha-se aí o autocarro para a cidade. Mas há quem nunca o tenha apanhado, limitando-se a ficar no banco que está no passeio, em frente de um pequeno relvado que o jardineiro traz bem tratado, bem como os canteiros com uma tulipas e uams roseiras, estas raquíticas, parece que do clima – demasiado sol. Ao fim da tarde, o lugar enche-se de velhos e de pássaros, mas só se ouve o barulho dos pássaros. Isto de abril até ao outono, Depois é a chuva: o barulho da chuva e o largo deserto.
Saí da estação e cheguei ao tal jardim com relva e alguns canteiros. Vi a paragem da camioneta, o poste com a tabuleta indicando o sítio do embarque, mas não havia camioneta. Já esperava que acontecesse uma coisa dessas: o comboio chegou demasiado tarde, a última camioneta já tinha saído; poderia apanhar um táxi, mas este não era um meio de transporte que me agradasse. Estava habituado à ligação comboio-camioneta, e agora teria de esperar toda a noite num banco da estação que a primeira camioneta do dia saísse. Como ninguém estava à minha espera, tanto fazia – excepto para as minhas costas, que saíam sempre maltratadas das viagens.

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