As Armas de Papel
Publicações periódicas clandestinas e do exílio ligadas a
Movimentos radicais de esquerda cultural e política
(1963-1974)
José Pacheco Pereira
Temas e Debates, Lisboa, Março de 2013
A matéria que aqui
é estudada, mergulhando nos anos sessenta e setenta do século passado, é também
autobiográfica. Conheci de experiência direta – de a escrever, de a fazer, de a
imprimir, de a distribuir – a imprensa clandestina radical. O impulso da
revolta, os riscos da ilegalidade, a vida escondida, as tensões subjetivas,
morais e éticas desses anos, a política no sentido mais lato de ação cívica
pelo bem comum têm a ver com dilemas que sempre estiveram associados à ação
cívica pelo bem comum têm a ver com dilemas que sempre estiveram associados à
ação e ao pensamento. Isso fica sempre. Porém, a linguagem, o estilo, a
narrativa, a «política» no sentido restrito desses anos está morta e bem morta.
É um mundo póstumo, a que nos aproximamos como das ruínas, com saberes de arqueólogo.
As duas coisas, as «boas» e as «más» ajudaram-me a escrever este livro, e fazem
parte da «empatia» weberiana sem a qual ninguém perde milhares de horas da sua
vida a fazer uma coisa destas.
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