Já não posso partir sem me partir
e assim partido aqui permanecer
metade do meu rosto voltada rumo ao norte
voltada para o mar a minha antiga voz.
Já não posso partir e no entanto parto
o copo de cristal onde bebi esta certeza
de me partir partindo acesa
embora a outra margem do exílio.
E se me exilo desta margem desta
aragem desta ternura bebida em tons
de negro em sons de povo e noite
é porque sei que um dia voltarei
cantar na liberdade do meu corpo
o corpo livre da noite e deste povo.
Manuel Alberto
Valente em Os Olhos de Passagem
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