Os velhos da rua vão
ficando acamados, outros já partiram.
Aliás, quando os
começo a ver com alguém ao lado, segurando-lhes no braço, sei que esse é o
princípio do que se seguirá.
Também há
recuperações, como a Dona Berta que, com o marido, depois de uma longa
ausência, regressou ao Café do Senhor Carlos que antes foi do Senhor Pereira e
que ela sempre frequentou, para tomar o seu galão com torrada quase sem
manteiga.
À rua tem chegado gente
nova, a maior parte vinda de outros países, mas é gente temporária, raros são
os que ficam.
Mas venho por outra
história.
Há praticamente um
mês que este triciclo de brincar está amarrado a este sinal. Tem um papel que diz
que se vende por cinco euros e tem o número do telemóvel para onde se deve
ligar.
Mas quem o colocou
ali?
O Orlando, que tem
loja de ferragens em frente do sinal, tem a vaga ideia que foi um velhote que,
todos os dias, percorre os caixotes de lixo da rua.
O que é curioso é que
o triciclo está ali, dia e noite, e ainda ninguém o roubou.
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